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Nem sempre sou quem escrevo, mas sempre sou quem escreve.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Esperança

Uma mudança muda,
uma mudança cresce.
Uma mudança é muda,
tanto que floresce.
Uma mudança é muda,
tanto que emudece.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Foto e grafia (2)

Um abraço
um amor
de dois amantes
dois sorrisos
uma é a alegria:
partilhada.
Não há brilho em olhos
não há gente voando
não há dor que não doa...
Há, nesse colorido fotograma
expresso um instante
de um filme de amor puro e genuíno
que em seu vértice, no pré-declínio
se gravou na obturação.
Se há depois, choro e vela,
não sei.
Mas sei que há na foto o que se expressa
na feiúra dos dois amantes
a beleza de ser um só:
um abraço
uma alegria.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Confissão

Confesso que há muito não choro.

Que há nisso então?
O choro é de quem se dói
teatro de expurgar...
e do que sofre, escape
ápice
que antecede o desmaiar do sono.

Na realidade, sei
que o choro não é só de lágrima.
Também podem em suas águas escorrerem
os versos de quem se banha...
Se assim, confesso que há muito choro:
e confesso no meu choro
sem dó, sem decoro.

E então,
desmaio, me entrego.
Chega enfim o sono do poeta:
esgotou-se o medo.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

A história do homem que jogou as credenciais em cima da mesa

Entrou. A cara, determinada. Não, não irritado, digo, talvez irritado, mas não de momentos, aquela cara fechada mas sem agressão? Sabe? Isso, essa mesmo. Então, entrou. Bateu a porta, cara, nem tão forte assim - até porque ele não estava irritado, nem tão fraco. Acho que a determinação faz isso com a gente. Não lembra do Jorge, aquele que morava no apartamento de frente pr... Ah, não? Então esquece. As pisadas foram três, até a mesa que ficava no caminho até o homem engravatado. Pisou firme, hein! Mas não fez barulho. O terno era italiano mas ele escondia uma mancha de café do lado de dentro e um buraquinho debaixo do braço, o sapato era bom mas não tava lustrado, sabe como é, hoje em dia está todo mundo vendendo disco pirata, não tem muito engraxate por aí. Aí, ele entrou: Três passos, a cara, o terno, o sapato, a mesa. Tinha um homem do lado do arbusto. Era moreno e usava óculos escuros. Se era segurança eu não sei, mas que parecia, parecia. Não era tão pequeno nem tão grande, mas óculos escuro com terno deixa todo mundo com cara de babaca perigoso. Não babaca de idiota...ah, você entendeu. Daí ele entrou com aquela cara, três passos, fingiu que não viu o segurança, óculos escuros, o sapato sem brilho, o terno furado, a mesa de mogno maciço. Ele entrou, meu irmão. Entrou e jogou as credenciais em cima da mesa.