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Nem sempre sou quem escrevo, mas sempre sou quem escreve.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Eta, que ainda me dói
Ó só, que desgaste
Parte de mim levaste
Deixaste
Alguém, pela metade.
Que não contente em ser metade
Se espalhou em mil pedacinhos
Bem pequenininhos
Aí, Ai!
Eta, que ainda me dói.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Inspiro

Inspiro
no mundo
Inspiro, ar
Respiro, jogo no mundo
o respirar
Inspiro
Transpiro de tanto que inspiro
Expiro.

domingo, 20 de dezembro de 2009

As noites, as faltas, os eletroeletrônicos.

Pois é. Isso aqui está deveras parado. Acontece que a minha vida anda um pouco atribulada, devido a visita do Felipe aqui. Mesmo sem ele, acho que período de férias é sempre assim, não dá pra ficar muito tempo parado, não dá pra pensar demais, refletir no mundo real e produzir. Prefiro me ausentar e colocar aqui apenas coisas sinceras do que por algo artificial e feito nas coxas. Tenho dormido pouco à noite, e quando durmo geralmente não disponho de sonhos agradáveis. Mas isso não tira a minha paz, nem sempre. Me falta inspiração e outras coisas. Acho que me falta um pouco de miséria e amor próprio. Me faltam tantas coisas mais, e algumas delas talvez me fariam parar de produzir da mesma forma, me deixando num caso onde devo ponderar e decidir minhas prioridades. Ganhos levam a perdas, e ganhando noites sem sono e picos de energia eu acabei perdendo o meu computador. Outro atenuante. Vou demorar não por maldade, nem deixarei de parar por saudade. Espero que a constância volte junto com o meu computador e as minhas noites de sono, mas infelizmente ainda vou ter de sentir falta de algumas coisas. Quem dera Deus deixasse algumas coisas co-existirem...


Como de costume, hoje me bateu a inspiração no ônibus. Prometo que quando me reestabelecer terei tempo suficiente para escrever a idéia que tive de conto. Seu nome será 'Realidade'. Até.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

#1

É verdade
Todos os clichês eram mentira
Toda a filosofia vã

Toda casualidade
Naturalidade em te dizer
Mentiras sobre o meu ser

Fingir
Que tudo não me dói
Ponho a mascara de herói
Que fala a frase feita

Pra menina que não pensa
E só pensa em se salvar
Quer voar do prédio, desfeita
Quando o mais seguro é se jogar

Voar em tudo que se diz
Falar pra ser feliz.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Barra da Calça

Seguro é algo que não sou
demais, por ser você
alguém que por demais
consegue o que quer.

Poder de mulher...
Sereno faz guerra!
Com silêncio que enterra
a batalha que quer.

Eu me garro na barra
da calça não quero soltar!
Vai ver
eu consigo subir...

Não solto da barra da calça
até me soltar um 'te amo demais'.
E assim relaxando em paz,
eu cruzo teus braços nos meus.

Ai Deus!
Não quero deixá-la jamais!
Mas já tenho motivos pra ir,
deixar pra trás...

Eu me garro na barra
da calça não quero soltar!
Vai ver
eu consigo subir... pro seu coração.

Te amo

Bom dia.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Quando era menino

Quando era menino
Escrevia como menino
Agora que cresci
- mas para mais velhos
ainda sou menino -
Escrevo como um menino,
Mais um menino
Crescido.

Mandante nacionalista

Faça mais uma vez
O que é de praxe
Siga o protocolo
Siga o mestre
Não pense
duas vezes
nem uma vez pense
Transgredir o meu mandado
é pecado
pecado mortal
é ignorar nosso lábaro
estrelado
sem pecado
imaculado
símbolo da ordem nacional.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Vai

Antro de perdição é o peito
Confunde a mente,
Confunde a gente.
Tu és parte do meu peito,
Metade de tu(do) é meu
Por direito,
Não aceito o que fizeste.

Me trocaste,
Há muito me trocaste...
Desde quando não me afagas me trocaste,
Desde quando não me amas tu me amaste.
Amaste com o peito.
Dura perdição é o peito!
Confundiu a mim,
Que te amei demais
Confundiu a ti,
Que me amou de menos.


Porém, não te culpo,
Culpo a este que carregas consigo
Entre os seus pulmões vigorosos.
Culpo a outra que te fez ver
Que o amor sentido não era sincero
E se entregando então ao deletério
Se esvaiu até do peito enganador.

Senti muita dor.
Senti e ainda sinto.
E é com dor que daqui te enxoto,
Como cão em qualquer recinto.
Se um dia quiseres voltar,
O portão estará fechado.
Por que o coração
Não vai me ter outra vez como escravo.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Furta Fruta

Furta
Cor
Furta a cor,
Não a fruta.
Quem furta cor,
Furta a cor da fruta.
Quem furta fruta,
Deixa a cor.

Presente (2)

Será que eu ganhei
Ou será que passou
É tanto presente
Que deixa a gente
No batente
A esperar o tempo passar

Pra ver se esse futuro muda
Me dá pacote de felicidade
Presente grego eu não aceito não
Só aceito presente se for de verdade

Pra ver se esse presente serve
E quando serve aí que dá vontade
De fincar a estaca no relógio
Matar vampiro que traz tempestade

Mas mundo gira e nem correndo contra
Dá pra fazer esse tempo parar
E o bom presente uma hora ou outra
Vai ser levado pela água do mar

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Poema sobre o amor

Um dia me disseram
Que o amor era um clichê,
Mas o que eu sinto por você é diferente.
Ai meu Deus, acabei de perceber.

Presente

Ganhei ou passou?

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Por que?

Pai,
Por que o céu é azul?
Será que reflete o mar,
Ou é por que Deus assim quis?

Será que é pra eu ser feliz?
Ou vou sempre sentir o pesar
de saber que meu céu é azul
e que nada vai fazer mudar?

Pai,
Por que eu não vou entender?
Será tão complicado assim?
Ou você tá com algo a esconder?

Será que um dia eu vou ser
Grande assim igual a você?
Será que vou pra onde foi o vovô
Depois que eu morrer...

Pai,
Por que demora assim pr'eu saber?

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O carregador de fardos.

Dedico ao meu irmão, Felipe dos Santos Nogueira.


Ele dizia sentir tudo aquilo no peito. Um aperto, incômodo, uma pressão sobrenatural, como se a dor quisesse como que arrancar a sua alma puxando-a de súbito. Chorar, não! Nunca chorar! Não era isso que ele ouvia dos pais, mas era esse o seu conceito. Homem que é homem não chora, muito menos por mulher, mesmo que mamãe tenha dito o contrário. E ele então chorava por dentro, segurava tudo apertando a língua na glote, limpando com os antebraços os olhos marejados e salgados, bocejava a todo instante buscando ar, respirando fundo. Mal sabia que engolir o choro era causar em si uma hemorragia interna, difícil de diagnosticar e de curar. Mas ele já se dizia acostumado, pois já passara por tais sofrimentos e da mesma forma havia os contornado. Escondia dos outros o que ainda sentia por causa de cicatrizes mal curadas e problemas não tão resolvidos. Carregava consigo o peso de não largar o peso que se leva quando a jornada se acaba, e entrando numas e noutras, carregava consigo um peso que quase anulava o seu próprio. Então não aguentou. Parou, e o sangue que escorria por dentro chegou às vias de saída. Chorou copiosamente. O peso já não permitia mais a caminhada esforçada. Mas ele não chorava mais por ela. Só chorava. Nem ele mesmo sabia o porquê daquele choro todo, e chorava também por que chorava, não deveria chorar, chorar é coisa de mulher! Pensava nisso, enquanto se auto-degradava com palavras e expressões de dissentimento. Era a calada da noite, então era menos pior, por que ninguém o via, ninguém o percebia e era assim que ele desejava que fosse, e pensava nisso enquanto colocava as últimas gotas para fora do corpo. O peso que carregava já havia tombado e ficado onde estava. A vista cansou, embassou, escureceu, e num desmaio consentido se pôs a dormir. No dia seguinte estava mais leve. Alegre, enfim! Podia novamente pular, algo que há muito não fazia. Não havia fardo.

Tempos após, caminhos após, o peso era o mesmo. E o que restava era a alegria da lembrança de que um dia ele havia pulado e sentido o alívio de quem é feliz. Mas agora ele suportava aquele peso que carregava. Estava mais forte, mais robusto, mais corajoso. O exercício leva à força. E então, após mais algumas épocas, após mais caminhadas, levava consigo o dobro do peso que carregara quando caiu. Ele era forte. Qualquer outro já teria desistido no início quando carregava o primeiro fardo e num escape teria ceifado a própria vida. Ele desejava fazê-lo, mas não tinha a coragem necessária. Não, em hipótese alguma, novamente chorar! Não! De jeito algum! Carregaria até o mundo em suas costas, mas não iria chorar. Chorar é para maricas, para veadinhos. E ele então caiu sobre os joelhos. A língua na glote, os bocejos falsos, as respirações profundas não mais funcionavam. Pos-se a chorar. Falhou, novamente, errou ao viver. Dessa vez o sol estava no zênite, era exatamente meio dia. Todos o viram. Riram, escarneceram. Mas houve alguém que se preocupou. E daí em diante, os dois levantaram, pularam, e tempos após, o fardo ainda era leve, pois era dividido entre dois jovens robustos.

Lembranças da Tijuca

Lembro-me muito pouco tanto
dos tempos que passei na tijuca,
pois era muito jovem
e sem palavras.

Lembro-me porém, dos amigos que tive,
da menina com quem dancei
no arraiá da pré-escola.

Lembro-me de quem já foi.
E quando chegava da escola me deixava
todos os dias
um avião de lego,
que desmontava todos os dias.

Lembro-me das ruas,
pizzarias,
árvores e Igrejas.
Lembro me da capela
e do campinho.

Como eram bons os tempos da Tijuca.
Tempos inconscientes, mas memoráveis.
Onde o amor era por quem me aleitava,
E não por quem me maltratava,
A essas sim, odiava.

Mas aos poucos tudo muda.
A Tijuca muda,
E eu me mudo
Pra Niterói.
Mudam conceitos, valores
mudam defeitos,
muda o amor.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Amo-te

Amo-te de todo o interior,
interior e afins.
Amo-te com o coração
com o intestino
com o estômago
o duodeno
o cérebro
e os rins.

Quero alguém

Quero afago de gente.
Afago afim, inteligente.
Não afago no pelo,
caso quisesse me comprava um pente.
Não quero amor do coração ardente,
quero alguém que me ame com a mente,
pois o peito nada sente.
Quero alguém que sente
ao meu lado e tente
fazer do dia quente
um refresco pertinente.
Quero alguém que veja além de um presente,
além do tempo presente,
alguém que veja o tempo à frente.
Quero alguém que veja no sol poente,
que nos deixa, assim, impotente,
uma felicidade iminente
Na aurora do dia seguinte.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Folha de limoeiro

É crer no tempo
E esperar
O tempo crer
que se merece o que se vê

E não se pode tocar
Espera florescer
Frutificar
Respira fundo e vê o verde se fazer

Feito folha de limoeiro
persistente, resistente
Fica aí o ano inteiro
Fica aí, não sai.

Espera mais uns dez minutos
que eu te peço dez minutos
E o amor tão diminuto
coisa grande se fará.

Faixa

Passa.
Preto,
Branco,
Preto,
Branco,
Preto,
Branco.
Segregação
até na faixa de pedestre.
Preto,
Branco.