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Nem sempre sou quem escrevo, mas sempre sou quem escreve.

sábado, 31 de outubro de 2009

Ponto Final

I
Eu pensei.
Enquanto olhava o misto
De cimento e árvores
Que borravam e se fundiam
Através da janela do ônibus respingada com os resquícios
Da chuva que acabara de acabar.
Pensei sim
Pensei nela
Pensei nele
Pensei na vida
Pensei em mim
E em como iria me desvendar
(sim, eu não me conheço).
Já que sou complexo,
Necessito de me explicar a mim mesmo
A cada nova descoberta que faço.

II

Descobri então,
E tive de me explicar.
Quando passei os olhos pelos assentos
Próximo ao ponto final,
No banco da frente um senhor.
Com a sua calvície refletida na iluminação do ônibus
E a sua barba por fazer
A camisa rasgada do Brasil,
A cara lavada do Brasil,
O cheiro de cachaça do Brasil.
Com seus olhos fechados,
Mas não para não ver.
Sua respiração ritmada denunciava:
Estava dormindo.
Provavelmente sonhando,
Com o dia que alguém iria acordá-lo
E dizer:
"Tio, chegamo no ponto final."

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Sherlock, e suas Sherlouquices.



Sir Arthur Conan Doyle tem andado na minha cabeceira e na minha mochila ultimamente. Ele e os casos do detetive mais famoso do mundo, fruto de sua mente genial, o Sir Sherlock Holmes, juntamente com o seu inseparável amigo, quase um apêndice, o Dr. Watson. Muito me confunde e me intriga pensar que Sir Arthur tivera tanta criatividade e inteligência para escrever tantas deduções científicas baseadas na observação e interpretação de fatos corriqueiros, como o andar torto ou as calças e botas sujas de um criminoso qualquer. De Holmes eu invejo essa habilidade. Ele sabe de tudo mesmo que os outros tentem esconder os fatos por trás da normalidade, ele descobre, esmiúça cada detalhe numa mera visão de relance. Muito me chamou a atenção uma cena que Sherlock e Watson estão sentados à mesa, e rompendo o silêncio, Holmes dá uma opinião à respeito de algo que não fora dito à ele. Watson toma um susto e permite ao detetive expor como descobriu que o doutor havia sido convidado para escrever um artigo para o edital de um bazar no campus da sua antiga universidade, bazar esse que pretendia aumentar o campo de críquete.

Creio que Doyle tinha alguma espécie de problema com o seu personagem mais famoso. Em inúmeras entrevistas ele ridiculariza Holmes em relação às suas outras obras. Ele nutria certa antipatia pelo criminalista. As personalidades não batiam, ou qualquer coisa parecida, mas sei que foi o escritor que deu vida ao seu monstro, transformou Sherlock em uma pessoa de verdade, deu-lhe endereço em Baker Street e tudo o mais. Arthur recebia cartas destinadas ao detetive de pessoas ao redor do globo, e quando, em uma das suas histórias, o matou, recebeu uma carta que começava acusando-de "carniceiro", tal grande era o poder de influência do Sir Sherlock.


Muitos copiaram Conan Doyle, mas poucos conseguiram com sucesso. Um desses homens de sucesso, diria um Sherlock mais moderno, contemporâneo, é Patrick Jane. Patrick é personagem da série "The Mentalist", do Warner Channel, e posso dizer que Sir Arthur se orgulharia dele. Patrick tem todas aquelas 'Sherlouquices', e ainda tem uma pitada bem leve de Dr. House, com a sua simpática sociopatia. Recomendo a série, para os fãs do mistério bem tratado.


segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Falta do que fazer é bobagem.


Aí, na imagem acima, está a minha tentativa de vislumbrar como seria se eu possuísse barba. Eu muito me agradei e tive vontade de deixar crescer, mas desisti logo que lembrei que não possuo pelugem consistente. Como eu queria ter uma, mas já que não tenho, devo me contentar com o bom e velho photoshop. Mas que eu fiquei bonito, fiquei.

domingo, 25 de outubro de 2009

Hostilidade Infantil



Muito me chamou a atenção um caso especial que me apareceu nessa semana. Eu não gosto de me intrometer na vida dos outros, mas seria injusto se eu não compartilhasse esse caso interessantíssimo. Eu estava na escola com os meus amigos, num dia desses da semana passada, e encontrei um jovenzinho de seus onze anos confeccionando uma história em quadrinhos. Sempre me identifiquei com jovens desenhistas, afinal era um deles, e me dirigi à ele para puxar um papo, que me surpreendeu por demais. A sua resposta ao meu 'Fala rapaz! Tá desenhando o que?' foi 'Sai daqui seu merda, vai tomar no c*'.

Aquilo me escandalizou um pouco. Quando eu tinha a idade dele eu não falava essas coisas, muito menos necessitava de ser hostil dessa forma, de graça. Enfim, visando entender os motivos dele, mandei uma colega minha de sala (com a sua beleza e graça) falar com ele. Estava aí uma forma de entender se ele apenas odiava aos homens, ou se não se renderia ao charme feminino. Minha colega foi por demais simpática, e em troca da sua simpatia recebeu um caloroso 'Isso não te interessa, rala daqui'.

Estava provado. O menino era um completo arisco. Nem homem, nem mulher bonita, nem gay fosse, a hostilidade era geral. Como aquela frase que diz 'Não discrimino ninguém, eu odeio todo mundo'. Odiar era a sua religião.

Nas minhas questões do dia a dia, eu percebi que pra toda ação existe um motivo. E a aparente falta de motivo para a ira fascista daquele rapazinho atraiu a atenção de muitos que passavam perto da mesa em que ele estava. Na hora ri, mas depois me questionei. Qual seria a motivação do ódio generalizado de um moleque de onze anos mirradinho? Seria uma vontade própria ou fruto do meio em que vive? Por que não se sabe, as vezes o pai bate na mãe, ou a mãe bate no pai, ou ele vê muito Cartoon Network e acabou ficando violento.

Esse menino até agora está me intrigando. As crianças estão amadurecendo cada vez mais rápido, e parece que isso está afetando o psicológico de algumas. Se esse menino persistir nessa hostilidade, das duas uma: Ou vai se dar muito mal no ambiente de trabalho, ou vai virar artista e tomar isso como um álibi para a sua revolta. Espero que meus futuros filhos não leiam as revistinhas desse rapaz.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Correria

to correndo
atrasado
e não tenho tempo pra
opiniões
nem
poesias
a não ser essa, corrida.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Blog 1, Tomada 9,999...

Já foram inúmeras vezes que eu tentei manter um blog. Essa, senhores, é mais uma delas. Não se pergunte o porque, muito menos o por quem. E eu também não sei se vou manter isso aqui por muito tempo. Apenas considere o blog como parte do meu sistema excretor que me exige transpirar minhas loucuras, que residem dentro de mim e no mundo ao meu redor, que até hoje não sei se é real ou constituído por subterfúgios de minha autoria. Espero que o meu excremento seja de proveito de todos vocês.