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Nem sempre sou quem escrevo, mas sempre sou quem escreve.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Da vida, um Limão.

Se dizes a mim, por acaso,
pirraça ou ilusão:
- Faze da vida um limão!
ou qualquer coisa assim,
é porque tens pena de mim,
e do que recente passei.
Bater no meu ombro e consolar
nada faz, além de me breve-alegrar,
por saber que não estou largado só.
Estou largado em dois.
Dizes do limão e dos afins,
faz analogias fatais,
dignas do acaso praticado.
Agradeço-te mesmo assim,
mas da vida faço o que quero:
Um limão, um cifrão ou uma dor
qualquer amor...
Se vens refutar-me, dizendo:
- Da vida, o que se compara?
Respondo-te então,
com a força de quem mata um dragão:
- A vida a tudo é análoga!
Pois o que vivemos,
é vida.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Sem opção

Estás no prato meu,
não me leve assim por mal,
foi no pranto que ai te pus,
sem opção...

Era eu ou você...
Mas você não era sem eu,
tão sem defesa,
e sem razão.

Devia cuidar de você.
O que eu fiz ninguém pode saber!
O meu ventre gritou,
e eu tive que atender!

Quão amargo é,
o gosto de carne da emoção.

Ninguém viu e ninguém reparou.
Assustada, menti que te dei
um Lar novo com muita atenção
mas pra quem, eu já não sei...

Pra rezar ante a refeição,
e chorar tanta falsa gratidão!
Será que vocês vão me perdoar?
Ou pra mim você nunca existiu?

Me alimenta e diz...

Devia cuidar de você.
O que eu fiz ninguém pode saber!
O meu ventre gritou,
e eu tive que atender!

Quão amargo é,
o gosto de carne da emoção.

domingo, 28 de março de 2010

- Por que fazes assim, tamanho escarcéu?
Nada fiz eu a você...
- Diga me o que não foi então?
Quero ver com o teu olhar
O que só fizeste a mim!
-Foi por amor que eu fiz,
Nunca quis
Te ferir!
- Mas feriu!
- Só feri,
Só me afastei de ti
Por carinho
Afeto
Deixei a ti
A vaguidão do nada saber
Só pra não sofrer
- Mas sofri...
- Só sofreu!
E eu? Só te traí,
Por que assim era melhor, só...
- Dó...
- Dó de quem?
- Dó de ti.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Sobre bons dias.

Hoje, decidi, é um bom dia pra escrever. É um bom dia para qualquer coisa. Decidi fazer desse dia um bom dia. Afinal, assim me desejaram as primeiras pessoas que vi, logo ao amanhecer. Não me importa se lá no fundo elas desejaram isso, ou falaram apenas da boca para fora, eu desejei que elas desejassem. E o desejo é meu, e deseja assim quem eu desejar que deseje. Então foi decidido. Fiz desse não só um bom dia, mas decidi fazer dele o melhor dia da minha vida. Um ótimo dia. Ai então você vai apontar seu indicador para mim e vai exclamar Ah, mas ninguém te desejou isso, e fará uma cara de triunfo sobre um Golias em ascensão. É. Ninguém me desejou isso. Ninguém quis que eu quisesse desejar que desejassem sem desejar um ótimo dia para mim, e ultrapassando tal barreira, fazê-lo o melhor dia da minha vida. Um ótimo dia? Pra mim? Você, desejando isso? Não creio, quer dizer, sim creio e desejo então que assim deseje! Está feito. Feliz estou. Cumpriram-se minhas necessidades do dia. Do bom dia. Do ótimo dia, o melhor de todos.
É, realmente foi um bom dia, bom dia.

domingo, 21 de março de 2010

Espera aí

Sim, prostrai-vos perante o tempo
aquele que finge as vezes não existir, não sei...
Mas nos faz esperar demais!
Nos tentando enganar com doces casuais.

Não me faça assim de bobo,
não me tome por qualquer gente.
Espera aí, tempo, só mais um pouco,
pra que eu possa ver vida corrente.

Se não for esperar...

Rebelo-me sim, liberto-me a mim!
Ranco os meus relógios das paredes!
Não preciso de ti, pra viver feliz assim,
mas de nós necessitas para pôr em redes.

Sejamos nós tal qual eu!
Esqueçamos então do porvir...
Deixemos o tempo sozinho,
precisando de alguém pra existir.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Fogo

Fogo que esquenta o todo
Fogo que queima o todo
Fogo que se contém

Fogo que está no forno
Fogo que é lenha, fogo
Fogo que levo também

Fogo que cospe fogo
Fogo que cospe o dragão
Fogo que atinge o coração

Fogo que treme todo
Fogo que torra o pão
Fogo que queima a folha que guardava uma canção

Fogo que deixa rubro
Fogo que deixa negro
Fogo que deixa rubro-negro

Fogo que botafogo
Fogo que bota fogo
Fogo que traz um desejo

Fogo que não se vê
Fogo que faz limpar
Fogo que deixa a sujeira

Fogo que queima é fogo
Fogo que lava é novo
Fogo que faz ruir a fogueira

Fogo, é fogo.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Injustiça

Já não há justo sobre a terra.
Quão injusto.
Somos tão, tão injustos,
que nos cometemos injustiças.

terça-feira, 16 de março de 2010

Hai Kai (3a edição)

a vida
e como este poema
efemera

Livro

Estou a escrever um livro. Um livreto talvez, um mini-livro, um micro-livro. Mas estou a escrevê-lo. O assunto é mistério, talvez inclusive a quem escreve, mas garanto - ou não - que será bom. Esperem.

segunda-feira, 15 de março de 2010

terça-feira, 9 de março de 2010

Mal me quer

Insensatez
Seria jogar-me em ti, outra vez
Só pela dor de ser só

De vez
Para acabar com o tal do talvez
Fiz então mais difuso o nó

Só, que da flor que fizeste botão
e com a sorte de um reles mortal
contou, me contou

Do amor, só sobrou a corola na mão
E a incerteza da conta cabal
findou, sim, findou

Como podes dizer que sou teu?
Se o que é teu, já pertence a alguém,
que sou eu!

Vá, e procure um sol bem maior
E retire os seus raios também
Pra que o mal,
que me quer,
Vire bem.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Para minha sister, Aline.

E o menor se é o mais sincero?
E o maior? Por mais que seja etéreo
Incompreensível, talvez.
Mas se é grande, não quer dizer que é eterno.
Se é pequeno,
o poema,
mas feito com esmero,
De quem nunca me esqueço
Lembra:
Em ti me espelho.
Pois me vejo, sincero.