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Nem sempre sou quem escrevo, mas sempre sou quem escreve.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Confissão

Confesso que há muito não choro.

Que há nisso então?
O choro é de quem se dói
teatro de expurgar...
e do que sofre, escape
ápice
que antecede o desmaiar do sono.

Na realidade, sei
que o choro não é só de lágrima.
Também podem em suas águas escorrerem
os versos de quem se banha...
Se assim, confesso que há muito choro:
e confesso no meu choro
sem dó, sem decoro.

E então,
desmaio, me entrego.
Chega enfim o sono do poeta:
esgotou-se o medo.

4 comentários:

Mateus Viegas disse...

Confessamos no nosso choro amigo. Nós, assim como muitos outros, creio, compartilhamos isso.

Tiago Duarte Dias disse...

O medo nunca se esgota, apenas, na maior das hipóteses fica anestesiado, esperando o retorno de nossas consciências.

Bernardo Acácio disse...

Choro é desabafo da alma. Lançar fora angústia. Não é necessariamente dor, tristeza, mas pode ser a mais completa felicidade! Chorar faz bem! Eu choro! Choro muito!

Daniel Caldeira disse...

Sim, sem dúvida. Expurgar não só as tristezas, mas também o medo das coisas darem errado, o que se materializa na realização das mesmas. O Poeta há de escrever (chorar) em todo o tempo: externando as realizações e as desilusões.