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Nem sempre sou quem escrevo, mas sempre sou quem escreve.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Gênese

Antes de tudo, o escritor é vazio. Não é tabula rasa, não é bom selvagem, não, nada dessas merdas que se inventa por aí. É algo que não se pode pensar-imaginar e portanto entra no obscuro campo das coisas que não existem-significam. Pense só num ser que é vazio de tudo, um ser que não é: o artista já nasce com a contradicção em sua boca. É fanho de natureza e de propósito/destino/vontade.

A palavra nasce juntamente com o escritor, e o encontro dos dois é o que se chama por aí complementaridade (quando um excesso se acopla a um vazio) e o que não concordo. A relação homem/palavra é a fusão de dois vazios formando uma identidade concreta. Absurdamente concreta.
O vazio do homem encontra-se com o vazio da palavra e eles começam a andar juntos. É o que Pessoa fez quando descobriu que várias palavras nasceram com ele. Justamente por ser vazio, encheu-se delas, e elas, por serem vazias, encheram-se dele. Não há outro Caeiro. caeiro Caeiro.

O escritor é filósofo/scientista/astronalta espacial/filólogo. É técnico em tudo o que faz. É técnico até no erro, no juntar da letra e da palavra, na História, na mensagem. Transforma uma história em Tese.

mas antes de tudo
(com o perdão da contradição)
o escritor é poeta
e ouve luz.

2 comentários:

Stefan Rotenberg disse...

Cara, eu curti muito. Curti a "ortografia etimológica", também.

Anônimo disse...

iruleibe