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Nem sempre sou quem escrevo, mas sempre sou quem escreve.

sábado, 13 de junho de 2015

o beijo

o beijo voltou.
já era a terceira mulher diferente, mas a mesma, mesmíssima sensação. o peito pegando fogo, os pelos do braço percebendo a estranheza: amor
ali se sentiu completo. valido. válido.
beijou de volta, amou, transou.
e ao olhar o rosto dela se desfez... a sensação já não era mais a mesma, o lugar era estranho, fumacento, etéreo.
acordou meio desesperado pra anotar o que havia sonhado antes que lhe fugisse a mente: já era a quinta vez que esse beijo o tinha atormentado de noite.
no suor e no conhecimento turvo da madrugada mal dormida, impressões vagas de locais, rostos, mas a certeza das identidades, dos desejos e sensações.
estava tão fundo dentro de si.

a vida lhe proporcionara a mais clássica das necessidades, a mais vulgar das carências, a qual não se sacia, apenas se vive: a vontade de ser amado.

mal sabia que o amor é um monstrengo estranho. quanto mais tem, mais quer. nunca se basta, sempre se usa alguém.

o beijo voltou.
a sensação. a completude. os pelos. o peito. o corpo.
se sentiu.
e ao olhar nada se desfez... mas acordou, frente ao espelho. nu. só. com a boca no vidro.

sonâmbulo, nada anotou. o beijo ficou.

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