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Nem sempre sou quem escrevo, mas sempre sou quem escreve.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Guardava comigo aos 65, como segredo de pecado, os meus escritos. Eram pequenos contos, que havia elaborado durante todo aquele ano, o primeiro de minha aposentadoria. O que predomina, no peito, é a vontade de ser criança. É sempre invertida, a vontade. Quando sou velho quero ser criança, quando sou criança quero ser adulto, quando sou adulto quero logo ser velho. A vontade não nos permite relaxar nem no leito de morte. É o querer-quebrar, o ir além, andar, retroceder, evoluir, amar... a vontade.

Dentro de um baú azul e pequeno guardei grandes histórias e poemas. Haviam mais de 140 deles. Enredos mirabolantes, fantásticos, histórias de morte, de vida, de fim e de início.

Como pude me esquecer das pessoas que amo? Como sou tão egoísta?
Sempre me faço as mesmas perguntas.
Sempre.

e não há poema, conto, arma que resolva. Isso me dilui. A vida me dilui em matéria-adubo.

Morri hoje.

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