Minha foto
Nem sempre sou quem escrevo, mas sempre sou quem escreve.

domingo, 8 de novembro de 2009

O Balão Verde

Enquanto andava pela rua, encontrei perto da calçada suja, amarrado num poste, um balão. O Balão pedia liberdade, cintilando o seu verde e balançando a favor do vento, mas trêmulo, como se quisesse ir ao lado oposto. O balão estava em conflito. A rua vazia. O vento levava o balão verde para onde queria, fazia dele o que ele queria. O balão resistia, tremia, amarrado pelo cordãozinho ao poste enferrujado e que não dava mais luz. O vento mudou de direção. Então cri que agora o balão estaria contente, pois ia para o local onde desejava, mas não. Sacolejou novamente, intentando contra o poder maior do ar. Decidi intervir. Senti pena do balão. Sou mais forte que o vento, e imponho-lhe respeito, consigo romper a sua força com tamanha naturalidade. Desatei então, com um pouco de dificuldade, o nó apertado da linhazinha que prendia o Balão. Agora sim. O balão subiu como se estivesse sorrindo, partindo para onde ele realmente queria, para onde não o vento, mas apenas o hélio dentro dele podia o levar. Foi feliz, brilhando o verde da esperança. E eu observei aquele balão subir e diminuir de tamanho cada vez mais, e comecei a me sentir feliz por abolir a escravidão daquele objeto. Porém minha felicidade não durou tanto: O balão, quando quase saia da minha vista, estourou, e a gravidade o trouxe, estourado, até o asfalto quente. Sobrou apenas um projeto de borracha verde, morto, derretendo no asfalto.

Nenhum comentário: