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Nem sempre sou quem escrevo, mas sempre sou quem escreve.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Sobre a morte

A morte já chegou!
Manda ela entrar, sentar,
tomar um café.
Liga pro papa-defunto, que eu tomo minhas medidas
ele não terá tanto trabalho assim pra me empacotar.
Confesso que engordei, vou precisar de algo maior!
(Esquece o mógno, vai, compra caixão de madeira comum,
tá ótimo, pra economizar, compensar pelo tamanho)
Você pode pôr sua capa de chuva no meu cabideiro
encosta a foice na parede ao lado da porta,
mete medo em mim e me ensina alguma coisa,
pra que eu possa ter uma frase de efeito
antes de sair por aquela porta com você.
"Eu...eu...fui feliz. Cuide de sua mãe."
Então, eu poderei ser discursado, alegorizado!
"Ele foi um homem feliz, que amava a sua família, que amava os seus filhos,
exemplo de amor para todos nós, ajudava os mais pobres e os desabrigados"
Tudo bem que eu não faço isso,
mas eu fiz uma vez.
Daí, conta como feito, e compensa:
todas as surras que eu dei em minha mulher por causa da bebida,
ou todas as vezes que a traí ou fui injusto de propósito com os meus filhos.
À propósito, gostava mais do menorzinho.
"E deixou seu legado a nós, com certeza está no céu agora!"
No céu, no céu dona morte.
Eu vou pro céu, né?
Não é?
Por que essa cara?
Esquece. Tá, pera aí deixa só eu lavar a louça.
Deixa só mais cinco minutinhos,
já já eu acordo, mãe...
NÃO!

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