Minha foto
Nem sempre sou quem escrevo, mas sempre sou quem escreve.

terça-feira, 24 de maio de 2011

La Fleur

Capturou-o após uma corrida de algumas centenas de metros e era o momento de sua morte. Não importa agora, saber qual era o motivo real de um homem caçar o outro para assassiná-lo a sangue frio, basta saber que era cabível ao caçador o sentimento homicida. Não me entenda aqui por mal o leitor, não acho justificável a morte de ninguém, mediante a nenhum pecado, mas acho compreensível o desejo de matar. Todos nós guardamos conosco o desejo de dar cabo a uma vida, mesmo que essa seja a nossa própria. Foi, e eu pude constatar visualmente, um golpe de sorte. O caçador já cansado adiantou-se e conseguiu, com muito esforço, saltar e agarrar a caça pelo tronco, levando-a ao chão. No solo, a mão do perseguidor beijou algumas vezes a face da vítima. No primeiro soco, fez-se o rubor. Ao segundo, coube romper o supercílio. No terceiro, ouviu-se um estalo, deslocou-se o maxilar, sangrou-lhe a boca enquanto o supercílio tratava de lavar-lhe os olhos de vermelho. O quarto sangrou-lhe o nariz e provavelmente quebrou-o. Estava a sua cara já toda ensanguentada, e seu cabelo já manchado, quando já não tinha mais força para lutar. O caçador, com seus olhos avermelhados e cheios de ódio, sacou uma faca que carregava consigo: Rancou-lhe dedo a dedo, no seguinte protocolo: Furava a caça na parte entre a unha e a carne. Ouvia se um grito de horror. Cortava a fio a ponta, até chegar o osso. Quando o osso se mostrava, passava mais um pouco o fio e dava um puxão, que lhe destacava parte do dedo. Repetia a mesma coisa até chegar à palma da mão, e era quando ele passava para o próximo. Deixou o sujeito sem dedos, depois de uns vinte minutos. Furou-lhe os olhos e arrancou-os da face: Mais sangue na cara do rapaz. Foi quando o caçador enfiou terra goela abaixo da caça e retirou-se.

Voltou dali a vinte minutos com um machado e um martelo na mão. O leitor imagina que iria cortar-lhe a cabeça, mas o ódio era tanto que preferiu decepar as pernas. Primeiro a direita, depois a esquerda. Formou-se uma poça de sangue no chão. Os sapatos brancos do caçador já estavam vermelhos. As calças jeans da vítima, encharcadas. Sacou novamente a faca, e abriu o tórax de cima a baixo. Retirou o esterno a marteladas. Por fim, o coração. Ainda batendo, fraco, em suas últimas. Cortou o coração na ponta da faca. Abriu-o. Dentro dele, uma flor.

Nenhum comentário: