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Nem sempre sou quem escrevo, mas sempre sou quem escreve.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

O gosto do jiló

Peço-te perdão porque de fato não me acostumei com tais histórias, moça. Me falta perceber que é digno sentir, dentro dessa lógica mentirosa. A verdade é que eu sempre soube, mas nunca quis acreditar. E nem quero. Poupo-me das explanações sobre a realidade e como ela não pode me atingir. E já que é pra confessar, e pedir perdão, peço desculpa também por ter tamanho defeito: o de sentir tudo exageradamente. Dói o peito exageradamente, e o sorriso me levita de alegria. Contento-me puramente de viver os dois extremos com qualidade. Abundantemente. É isso, é sentir tudo o que se deve, e sentir o gosto do jiló na boca, e mastigar, mastigar, mastigar e engolir no fim, e o sabor permanecer, durante um, dois, três minutos na minha boca, e permanecer na mente, durante um, dois, três anos da minha vida... enquanto como o doce: Esse sim desmancha na boca quando é realmente bom. E aí, reflete a efemeridade do que devem ser as alegrias em nossa vida. Será que é assim? Comigo não. Ainda sinto o paladar único de cada alegria que vivi. E as opções de bem-estar são como as cores, infindas, cromáticas, todas são! Enquanto a dor se manifesta em si. Com ocasiões diversas, mas é sempre dor. Deve ser esse o motivo de preferirmos os doces da vida.

E se não fosse assim? Se a felicidade fosse monotonia, e não a dor? Ah, talvez todos fôssemos virar um bando de masoquistas mesmo, e iríamos nos jogar aos leões dos sentimentos, e eles nos morderiam até dizer chega. A dor seria alegria, e a alegria dor. Não dá pra escapar do bem-estar, está sempre na quebra da regra, no fim da monotonia... E eu me satisfaço com isso, sabe? Não me dói viver provando dos flagelos e singelezas. Muito mais daquelas do que dessas. Mas justamente por que elas são dores, não é? E sempre se pode dizer algo bom, sempre se pode potencializar a nossa alegria com o fim do mal. É como se quando acabássemos de mastigar o jiló, tomássemos um belo de um copo d'água, e mastigássemos a mais doce das comidas. Abra a boca e sorria, simplesmente.

Um comentário:

Babi disse...

Muito bom mesmo! :))

"Contento-me puramente de viver os dois extremos com qualidade. Abundantemente. É isso, é sentir tudo o que se deve..."

Me identifiquei! ^^