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Nem sempre sou quem escrevo, mas sempre sou quem escreve.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A vida e a obra de margarida

Nasceu
Entre uns talvez
uns pode ser
e os blocos de cimento
- paralele, paralale, parararle -
enfim, nasceu!
Que bela é
com sete pétalas branquinhas
e o botão amarelinho
cheia de arte! Cheia de vida.
Margarida
a margarida
amarga.
Marga estava só
sofrida
Margarida
Amargurada, querendo ser querida.
Pois bem, ali passava um cego,
e não a viu
depois um homem de negócios
(que não deixa de ser um cego)
não a viu
passou a socialaite, a patricinha, o bon-vivân
não a viram
Passou um pneu sobre a pobre da margarida
na rua, despingolada, desguarnecida
amarrotada, destituída,
amargamente atropelada
morreu a margarida.
Se um pobre tivesse passado
talvez não visse a margarida.
Margarida só era vistosa
aos olhos d'algum pobre e artista.